quinta-feira, 28 de julho de 2016

prefácio (apresentação) do livro (guia) da historiadora Márcia Medeiros escreveu para o Museu do Expedicionário

hamilton bonat

04:42 (Há 6 horas)
para
Caros Confreiras e Confrades,
Segue o meu prefácio (apresentação) do livro (guia) da historiadora Márcia Medeiros escreveu para o Museu do Expedicionário.
Abraços. Hamilton
 

Apresentação



O passado não é um bom lugar para se viver, mas convém visitá-lo de vez em quando. É ao que, com esta importante obra, nos convida Márcia Medeiros. Aliás, o convite não é apenas dela. Também é dos 1548 paranaenses que atravessaram o Atlântico para lutar na Itália. Eles ficam muito felizes sempre que sua Casa é visitada, pois têm a oportunidade de contar um pouco da sua história, verdadeira epopeia, se tivermos em conta que o Brasil era preponderantemente rural quando, na década de 1940, foi levado a combater ao lado de potências mais desenvolvidas e industrializadas.

Pois nossos pracinhas foram e não fizeram feio. Ao contrário, cobriram-se de glórias e tornaram-se admirados, especialmente pelo povo italiano que, agradecido, lhes dedicaria belíssimos monumentos, erguidos por onde eles haviam passado.

O Museu do Expedicionário é um patrimônio, ao mesmo tempo, material e imaterial, de Curitiba. Localizado na praça do Expedicionário, guarda valioso acervo das três Forças, inclusive um avião, que faz com que o seu endereço seja mais conhecido como a “praça do avião”. Conta com materiais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, como que para lembrar que as três Forças participaram da Segunda Guerra Mundial e, de certa forma, reavivar o compromisso do Brasil, consigo mesmo, de não empreender guerras de conquista; mas que é imperativo preservar o que temos de mais sagrado: nosso território, nossa gente e nosso legítimo direito de autodeterminação.

A imaterialidade se percebe na letra do hino, de onde destaca-se o refrão: “Por mais terra que eu percorra, não permita Deus que eu morra, sem que volte para lá...”. Trata-se de belíssimo poema de Guilherme de Almeida, um misto de saudade, incentivo e esperança de voltar. Esperança em vão para 28 paranaenses, cujos nomes encontram-se eternizados no museu, que deixaram suas jovens vidas no campo de batalha.

Igualmente imaterial é a sensação de que em suas diferentes salas encontram-se os mais puros sentimentos que habitam a alma brasileira – solidariedade, harmonia e respeito entre todos os povos – os mesmos que acompanharam os pracinhas até a Itália, onde lutaram pela liberdade. Seu exemplo é estímulo para continuarmos a conquistar o mesmo ideal, regando a liberdade todos os dias, a fim de que cresça forte e rija, de forma que totalitarismo algum, de nenhum matiz, consiga derrubá-la.

Mas o que levou o Brasil, nação de um povo de índole pacifista, a enviar mais de 25 mil jovens para combater durante a violenta Segunda Guerra Mundial?

Essa e outras perguntas encontram resposta no Museu do Expedicionário, cujo rico acervo relembra e homenageia os paranaenses que partiram em direção a um perigoso e traiçoeiro desconhecido. Um simples passeio por ele revela um pouco do frio que sofreram, da saudade que sentiram, do medo que passaram e do seu orgulho pela vitória alcançada.  Na imponência do estilo do prédio que o abriga, está a síntese de sua história, que, agora, este catálogo torna mais completa.

Ao contrário do que se possa imaginar, esta obra de Márcia Medeiros, da mesma forma que o museu a que ela se refere, não faz apologia à guerra. Seu significado é exatamente o oposto. A ideia que Márcia transmite é de paz. Com a competência da historiadora que é, ela deixa às futuras gerações a mensagem de que ele é dedicado a jovens paranaenses que atravessaram mares e oceanos, para, com seu generoso sangue, assinarem o tratado de paz.

Aceite o convite. Visite a Casa do Expedicionário. Assim, você conhecerá melhor a verdadeira dimensão da epopeia dos nossos valorosos Pracinhas.



General-de-Brigada Hamilton Bonat, membro da Academia de Letras José de Alencar.

Um comentário:

  1. Prezado Hamilton,
    As palavras do prefácio assinado pelo prezado amigo, além de belas, guardam-me significado especial. Meu irmão Nelson Cardoso da Silveira fez parte da Força Expedicionária Brasileira (FEB), de modo que a Segunda Guerra Mundial e a participação dos soldados brasileiros no conflito foram e continuam sendo dois registros muito vivos para mim. O convite para visitar aquela Casa, que há muito conheço e visito, está aceito. Parabéns, prezado Hamilton. Num momento de tanta provação moral por que passa o Brasil, o avivamento de nossas memórias sagradas é indispensável.
    Forte abraço,

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