Ponderações – Crime e
castigo
Vivemos tempos inseguros, complexos. Assim, nada como
procurar entender a mente daqueles que são qualificados como criminosos.
O cérebro é um arquivo, processador, produtor de software e
hardware, ligado eletricamente e quimicamente a muitas glândulas, sensores,
etc.
O que temos acima da cabeça só recentemente começou a ser
realmente entendido, antes dependia mais da observação do comportamento humano.
Freud e Jung deram início a uma cultura avançada que se completa com o trabalho
de historiadores, sociólogos, filósofos, médicos, cientistas de primeira linha
etc.
Livros imperdíveis serviram de base para essas ponderações
amadoras: (Carcereiros) , (Foucault,
Vigiar e Punir) ,
(Foucault, História da Loucura) , (Memórias,
Sonhos e Reflexões) , (Sandel)
e outros dos quais alguns registrei em (Cascaes, Livros e Filmes Especiais) .
Muito mais vimos, ouvimos e lemos ao longo dos anos assim
como passamos por experiências fascinantes nesses temas: Justiça, Culpa, Crime,
Inocência, Mérito, enfim Julgamentos que fazemos continuamente de tudo e todos.
Mergulhando pessoalmente em bons livros e filmes ganhamos padrões de
sensibilidade reforçados em atividades políticas e sociais ao longo de décadas
de militância e, finalmente, no voluntariado.
Assim, na arrogância do tempo fazemos essas afirmações. Entre
muitas, a Justiça humana e seus instrumentos merecem atenção especial.
É bom pensar nas bases da Justiça (Justiça) . Isso exige saber
detalhes sobre a natureza e história do ser humano. Leis, o que significam
diante da imensidão de fatores que afetam a personalidade e decisões de cada
indivíduo? É correto criar infinitas leis e acessórios para regular a vida
humana?
Temos uma estrutura perfeita de organização dos Poderes? É
realista? Eficaz?
Nada melhor do que observar os resultados para saber se
vivemos em um quadro institucional compatível com a nossa capacidade de
disciplina, criatividade, inovação, liberdade, sanidade, liberdade, etc.
Nascemos e vivemos aqui, assim nossa pátria é o principal objeto de crítica e
extensão à Humanidade. Tudo indica que no Brasil as perversões e irrealidades,
rituais, crenças, lógicas e quase tudo são fantasias que vestimos conforme as
oportunidades, principalmente quando estiver em foco o comportamento alheio.
Neste cenário devemos fazer questionamentos e colocar hipóteses para que
possamos, pelo menos, fazer ajustes possíveis, necessários e suficientes.
A ética nacional veio de cima para baixo, se podemos dizer
isso. Entre seres humanos pré-colombianos aqui residentes, escravos,
imigrantes, degredados, aventureiros e senhores “nobres” a nação brasileira
produziu personalidades diferentes, mas com muitos defeitos importados e
inéditos, criados nessas bandas tropicais.
Não é nosso objetivo falar do povo brasileiro, assim voltemos
ao tema principal.
Qual é a materialidade do comportamento e caráter? Faz
sentido atribuir culpa, punir?
A experiência com pessoas que envelhecem, nós mesmos, mostra
como dependemos de muita química e estruturas internas e externas quando
decidimos e agimos dentro de um padrão ou de outro.
Na Medicina encontramos exemplos radicais de mudança de
personalidade a partir de intervenções cirúrgicas [ (Psicocirurgia) , (Lobotomia) , ] e utilização de
medicamentos.
A utilização de drogas é o caso mais comum de afetação
radical de comportamento nesses tempos de comércio universal. Remédios,
calmantes, estimulantes, bebidas alcoólicas são o quê?
Ideologias e religiões ainda criam homicidas e suicidas
surpreendentes, heróis ou mártires para alguns, terroristas para o entendimento
de outros, acima de tudo vítimas da mídia que induz os jovens aos “esportes
radicais e assemelhados”.
Precisamos, contudo, compreender, saber alguma coisa desse
imenso universo que existe dentro e fora de nós.
E a Justiça?
Julgar, condenar ou absolver, decidir sobre o que fazer com
alguém que “pecou” gravemente?
Evidentemente o Poder Judiciário precisa existir.
Como seria uma sociedade sem limitações e punições a
assassinos, delinquentes, estelionatários, quadrilheiros etc.?
Demonizamos quem foge ao que é legalmente estabelecido por
nossos políticos e sacerdotes, pregadores, repórteres, amigos...
Tudo o que transforma jovens, adultos e idosos em bandidos é
objeto de uma infinidade de leis, decretos, regulamentos etc.; com base em que
princípio filosófico construímos esse monstrengo burocrático que foge das
soluções e trata dos efeitos?
A Humanidade segue leis darwinistas (Seleção
natural)
que certamente não atendem a vontade de muitos afinados com teses religiosas,
mas essa é minha opinião e me dou ao direito de expressá-la.
Talvez estejamos convergindo para conceitos realmente
saudáveis, mas, de modo geral, demoramos demais para amadurecer sentimentos de
liberdade, fraternidade e igualdade. Nesse momento da história da Humanidade a
sensação é exatamente oposta. A radicalização e o retrocesso em relação aos
Direitos Humanos são assustadores, flagrantes de um “homo non sapiens”.
O Estado em geral é organizado para fazer acontecer as
vontades de elites poderosíssimas.
A percepção de que isso existe, contudo, é um tremendo passo
a favor das soluções, entre muitas as principais são a transparência absoluta
para qualquer atividade, profissão, projeto, corporação, o acesso à cultura
universal, descobertas científicas...
Felizmente a universalização das fontes de cultura e educação
acontece graças a instrumentos criados por cientistas, viabilizados por
investidores e ainda, infelizmente, sob estrita submissão ao capitalismo
intelectual frequentemente radical, talvez o pior de todos.
A Tecnologia usada de forma adequada, como insiste em dizer
Domenico de Masi (Domenico De Masi) em seus livros, palestras e entrevistas
é a esperança de um futuro melhor, talvez por efeito de novas preocupações
ambientais, sociais, de sustentabilidade com dignidade.
Lógicas de comportamento e valores subjugam, atualmente, os
seres humanos num período em que todos poderiam ser beneficiados pelos
progressos tecnológicos.
Temos religiões, confrarias, seitas, ideologias, clubes
esportivos, famosos e famosas, ou seja, muitos figurinos que misturados afastam
a pessoa negligente da educação e dúvidas que deveria cultivar a favor da
Humanidade e da própria felicidade.
Vivemos tempos inseguros que ilustram tristemente nossas
limitações.
Neste cenário existe a Justiça...
Até onde a Justiça existe?
Qual?
No Brasil os custos da corrupção endêmica atingiram limites
absurdos; a Operação Lava Jato (Cascaes, As delações premiadas e
a Operação Lava Jato) abriu nossos olhos e o comportamento
diário dos Três Poderes deixa-nos mais confusos, qual será o final desse
esforço de ajustes e teatro de absurdos?
Teremos então uma Justiça Revolucionária? Nas mãos e cabeças
de quem?
Os brasileiros escalam montanhas perigosíssimas,
principalmente aqueles que sonham com um Brasil mais justo, sério, honesto.
Basta andar de forma atenta pelas cidades para descobrir desvios lamentáveis.
Sim, ninguém tem culpa absoluta do que fez de errado, todos
erram eventualmente com a convicção de estarem certos, justos; e aqueles que se
transformam em feras, bandidos, hostis à sociedade são em si vítimas de
origens, DNA e acidentes, incidentes e muito mais; afinal não escolheram seus
pais, ambiente de desenvolvimento intelectual, capacidade de raciocínio,
glândulas e tudo o mais.
Por isso, exatamente por isso precisamos acreditar na
Democracia que construímos, na esperança de que evoluindo, corrigindo excessos,
educando, exercitando-se a partir de algum limiar no futuro ela venha a ser
saudável e nos encha de orgulho.
Em tempo, é altamente válido lembrar que a perfeição nunca
existirá.
Cascaes
Curitiba, 21
de julho de 2016
2013,
Wikipédia dezembro de. Lobotomia. s.d.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Lobotomia>.
2013, Wikipédia em
dezembro de. Psicocirurgia. s.d.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicocirurgia>.
Cascaes, João
Carlos. s.d. .
—. As delações
premiadas e a Operação Lava Jato. 8 de 3 de 2016.
<http://afavordademocracianbrasil.blogspot.com.br/2016/03/as-delacoes-premiadas-e-operacao-lava.html>.
Domenico De Masi. s.d. 13 de 7 de 2016.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Domenico_De_Masi>.
Foucault, Michel. História
da Loucura. Trad. José Teixeira Coelho Neto. 1 vols. São Paulo: Pespectiva,
1972.
—. Vigiar e Punir.
Vozes, s.d.
Jung, C. G. Memórias,
Sonhos e Reflexões. s.d. <http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2010/06/memorias-sonhos-reflexoes.html>.
Justiça. s.d. 13 de 7 de
2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a>.
Quem não tiver
pecado atire a primeira pedra. s.d. 21 de 7 de 2016.
<https://imagensbiblicas.wordpress.com/2008/07/29/quem-nao-tiver-pecado-atire-a-primeira-pedra/>.
Sandel, Michael J. JUSTIÇA
O que é fazer a coisa certa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
Seleção natural. s.d. 13 de 7 de
2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sele%C3%A7%C3%A3o_natural>.
Varella, Drauzio. Carcereiros.
s.d.
<http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/11/carcereiros.html>.
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