Ética pressupõe
a existência de um padrão moral. Qualquer organização inclusive quadrilhas,
famílias, ONG, empresas e até o próprio indivíduo (principalmente) desenvolvem
seus códigos morais. De forma consciente ou não vamos estabelecendo
conscientemente ou não limites ao que outros dizem, lemos, sabemos e queremos.
É fácil falar em ética e moral, basta, entretanto, conhecer melhor as pessoas
que usam e abusam dessa condição de existência para perceber a falsidade de gente
“acima de qualquer suspeita”.
Heidegger[1] (Introdução à Filosofia) coloca uma definição
de estar aí, tempo – lugar, como “estar aí” definição de existir, em
contraposição de “eu penso, logo existo” (Descartes) [2].
Nessas condições sentimos que a moral e a ética são atributos e conceitos
circunstanciais que desafiaram grandes filósofos.
Nem todas as atividades humanas, contudo, são
baseadas em valores morais razoáveis, mais ainda quando a moral estabelecida
consensualmente é hostil ao indivíduo, o que é fácil de acontecer diante das
muitas crenças e formas de viver, crises, guerras, miséria, perseguições etc.
Existem,
contudo, atividades e ambientes onde a moral é firmemente estabelecida e até
razoável.
Muitas situações
dependem de credibilidade mútua, faltando esse respeito a pessoa ofendida pode
alegar rompimento de um código de ética. Assim uma forma agressiva contra
qualquer pessoa é dizer que faltou à Ética, disso ou daquilo, deste ou daquele
modelo. O que se percebe, contudo, é que esse dardo é frequentemente usado
contra desafetos, inimigos, obstáculos a conveniências, vinganças, ofensas e
compromissos impossíveis.
É extremamente
importante conhecer bem as pessoas quando colocam questões eventualmente
confusas, de muitas interpretações possíveis. No ambiente político, por
exemplo, podemos ver diariamente o desprezo por qualquer tipo de moral, ética,
padrão justo de comportamento. Os fins justificam os meios[3]?
Não raramente pessoas de destaque praticamente agridem seus eleitores tomando
decisões absolutamente contrárias a programas de partidos e aos seus discursos
de campanha.
A democracia
criou Cortes e cortesãos...
De modo geral,
contudo, para qualquer ser humano a preocupação com a ética é função do que
estiver em jogo.
Poucas pessoas
poderão dizer que respeitam rigorosamente figurinos morais, que têm ética
definida e consciente e não a transgredem. Nada é mais distante da moral e da
ética que o jogo sexual, sedução, vida profissional etc..
Com a mesma
facilidade com que acusam, escondem o que fazem.
Bertrand Russell (Bertrand
Russell)
em sua luta por uma sociedade justa e feliz teve imensas dificuldades de
sobreviver diante do radicalismo de uma sociedade conservadora, ganhou um
espaço justo e merecido na galeria dos grandes pensadores e ativistas políticos[4].
Do blog Paulopes
(Lopes) temos um excelente
resumo de suas orientações:
1 - Não tenha certeza
absoluta de nada.
2 - Não considere que valha a
pena esconder evidências, pois elas inevitavelmente virão à luz.
3 - Nunca tente desencorajar o
pensamento, pois assim com certeza obterá sucesso.
4 - Quando encontrar oposição,
mesmo que seja de seu cônjuge ou de suas crianças, esforce (sic) para superá-la
pelo argumento, e não pela autoridade, porque uma vitória dependente da
autoridade é irreal e ilusória.
5 - Não tenha respeito pela
autoridade dos outros, porque há sempre autoridades contrárias.
6 - Não use o poder para suprimir
opiniões que considere perniciosas, pois as opiniões vão lhe suprimir.
7 - Não tenha medo de possuir
opiniões excêntricas, porque todas as opiniões hoje aceitas foram um dia
consideradas excêntricas.
8 - Encontre mais prazer em desacordo
inteligente do que em concordância passiva, porque, se valorizar a
inteligência, chegará a um acordo proveitoso e profundo.
9 - Seja escrupulosamente verdadeiro,
mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentar
escondê-la.
10 - Não tenha inveja daqueles que
vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
Fã de Bertrand
Russel desde o primeiro livro que li e perdi (emprestando) na década de
sessenta tenho por esse filósofo tremenda admiração e o lamento de que sejam
tão raros aqueles que agora conhecem sua obra.
Mas, ética seria
ser fraterno, simpático, agradável, disciplinado?
Principalmente
consultores de “internet” propagam a ideia da bondade, de atitudes respeitosas
e carinhosas e valorização das pessoas em qualquer circunstância.
A vida real é
competitiva, e isso é essencial ao sucesso e à própria sobrevivência.
Quem aceitaria
como técnico de suas seleções pessoas escolhidas por critérios neutros? Alguém,
podendo, optaria por atendimento médico padrão, desprezando o melhor?
Procuraria se apaixonar por pessoas que seu íntimo rejeita?
A hipocrisia é
extremamente prejudicial à vida em geral. Tudo o que consideramos bom ou ruim
pode ser visto de forma relativa, pois, acima de tudo, existe o desafio da
própria sobrevivência. Ninguém nasce marcado para viver e morrer de um
determinado jeito. Fantasticamente podemos superar barreiras incríveis, de modo
geral derrotando adversários.
Com a invenção
da internet surgiu a figura do hacker, é ruim? Graças a esses vândalos dos
sistemas que usam computadores e chips o mundo WEB não para de evoluir. A
negação exige solução ou valida a alternativa.
A ética é
argumento exaustivo e mal-usado.
Precisamos ter
padrões morais, saber e procurar viver dentro de limites santos e amáveis. Isso
é possível sempre?
Não!
Ao longo da vida
de pessoas e empresas de sucesso vemos exaustivamente a competição, vencendo o
mais forte, capaz, determinado etc. No mundo moderno isso faz dos Estados
Unidos da América do Norte, por exemplo, a pátria dos melhores e mais eficazes
projetos.
Eles não vencem
apenas, nós nos deixamos perder. Temos, no Brasil, a lógica cristã do perdão,
da comiseração, da aceitação dos mais fracos quando o assunto não é futebol,
namoro, política e coisas assim.
O resultado da
flacidez é a degradação de organizações públicas e privadas, normalmente
dominadas por famílias, corporações fortes e pessoas voluntariosas,
eventualmente medíocres. A mediocridade
é um tremendo indicador do mau uso da ética, é isso que queremos e precisamos?
Não podemos
esquecer que os desafios em relação à sobrevivência de toda a Humanidade
crescem continuamente em torno da sustentabilidade em muitos sentidos, da saúde
à oferta de oportunidades de trabalho. Precisamos educar para a luta, para a
vontade de enfrentar qualquer situação.
Se o Planeta
tiver (e vai ter) grandes transformações só os mais fortes, capazes e bem
preparados sobreviverão, se isso for possível. Atenção, o gigantismo é um fator
negativo, será que o crescimento físico contínuo do ser humano será uma
vantagem? Isso é mostrado à exaustão em filmes de ficção; os homensauros,
violentos, musculosos e armados com equipamentos misturando espadas com raios
de energia luminosa (é bonito) que viabilizam o confronto de heróis contra
bandidos (feios, repulsivos), que mentira!
Sempre, a
qualquer momento, as transformações poderão acontecer, principalmente pelas
mudanças naturais do Universo.
Se nada de
anormal aparecer a própria vida impõe a todos nós desafios crescentes e
constantes. O ato de envelhecer é cruel, apesar da magnanimidade da indolência
intelectual que vai dominando nossas mentes.
O fundamental é
como o jovem e o adulto se comportarão. Nessa fase da vida todos os bons e maus
predicados se transformarão em sucesso ou insucesso.
Michel Foucault
falava muito da estética da vida. Sim, queremos um figurino que nos dê orgulho,
que seja publicável. O que desejamos ser?
A ética que
viermos a adotar, conscientemente ou não, será decisiva ao sucesso de nossa
vida. Assim, se a intenção for ser dono de suas vontades, precisamos pensar bem
no que queremos e poderemos fazer.
Nada pior do que
ter vergonha e arrependimentos tardios.
Cascaes
Curitiba, 27 de
julho de 2017
Bertrand Russell. s.d. 24 de 7 de
2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bertrand_Russell>.
Descartes, René. Significado de Penso, logo existo. s.d. 24 de 7 de
2016. <http://www.significados.com.br/penso-logo-existo/>.
Heidegger, Martin. Introdução à Filosofia. Trad. Marco Antonio
Casanova. São Paulo: wmfmartinsfontes, 2009.
Lopes, Paulo. Bertrand Russell, ateu famoso. s.d.
<http://www.paulopes.com.br/>.
[1]Wikipédia
em 25 de julho de 2016 - Martin Heidegger (Meßkirch, 26 de setembro de 1889 — Friburgo em Brisgóvia, 26 de maio de 1976)
foi umfilósofo alemão. É um dos pensadores fundamentais
do século XX - ao lado de Russell, Wittgenstein, Adorno, Popper e Foucault - quer pela recolocação do problema
do ser e pela refundação da Ontologia, quer pela importância que atribui ao
conhecimento da tradição filosófica e cultural. Influenciou muitos outros
filósofos, dentre os quais Jean-Paul Sartre.
[2]
Wikipédia em 25 de julho de 2016 - René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596 – Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650[1] ) foi umfilósofo, físico e matemático francês.[1] Durante a Idade Moderna, também era conhecido por seu
nome latino Renatus Cartesius.
Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho
revolucionário na filosofia e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da álgebra com a geometria - fato que gerou a geometria analítica e
o sistema de
coordenadas que hoje leva o seu nome. Por fim, foi também uma
das figuras-chave na Revolução Científica.
Descartes, por vezes chamado de "o fundador
da filosofia moderna"
e o "pai da matemática moderna",
é considerado um dos pensadores mais
importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou
contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da
filosofia escrita a partir de então foi uma reação às suas obras ou a autores
supostamente influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam que, a partir
de Descartes, inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna.[2] Décadas mais tarde, surgiria
nas Ilhas Britânicas um
movimento filosófico que, de certa forma, seria o seu oposto - o empirismo, com John Locke e David Hume.
[3]
Wikipédia em 24 de julho de 2016 - O fim justifica os meios ou Os
fins justificam os meios é uma frase que, atribuída a Maquiavel, quer significar que os governantes e
outros poderes devem estar acima da ética e moral dominante
para alcançar seus objetivos ou realizar seus planos.
Em sua principal obra, "O Príncipe", Nicolau Maquiavel, cria um verdadeiro "Manual
de Política", sendo interpretado de várias formas, principalmente de
maneira injusta e pejorativa; o autor e suas obras passaram a ser vistos como
perniciosos, sendo forjada a expressão "os fins justificam os meios",
não encontrada em sua obra. Esta expressão, significando que não importa o que
o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como
autoridade, entretanto a expressão mesma não se encontra no texto, mas
tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico.
Comumente escuta-se que o fim justifica os
meios numa alusão de que "certos" fins podem, ou devem,
ser alcançados através de métodos não convencionais, ou anti-éticos, ou violentos. Este conceito é utilizado com freqüência
numa tentativa de minimizar os meios violentos utilizados na guerra, na justificativa de leis severas
e repressões impostas a grupos sociaisou religiosos ou étnicos,
ou ainda, mas em crescente desuso, na justificativa de sistemas e métodos educacionais rigorosos e punitivos.
Este silogismo defendido pela doutrina
do Bem Superior é diretamente contrária à doutrina cristã, que
diz exatamente o contrário: O fim não justifica os meios. No
entanto, a própria frase parece vir de um manual de ética escrito em 1645 pelo
teólogo jesuíta Hermann Busenbaum (Medulla theologiae moralis).
Lê-se: cum finis est licitus, etiam media sunt licita ("Quando
o fim é bom, também são os meios").
[4]
Wikipédia em 24 de julho de 2016 - Bertrand Arthur William Russell, 3.º
Conde Russell OM FRS[1] (Ravenscroft, País de Gales, 18 de Maio de 1872— Penrhyndeudraeth,
País de Gales, 2 de Fevereiro de 1970)
foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos elógicos que viveram no século XX. Em vários momentos na sua vida, ele se
considerou um liberal, um socialista e um pacifista. Mas, também admitiu que nunca foi
nenhuma dessas coisas em um sentido profundo.[2] Sendo um popularizador da
filosofia, Russell foi respeitado por inúmeras pessoas como uma espécie de
profeta da vida racional e da criatividade. A sua postura em vários temas foi
controversa.[3]
Russell nasceu em 1872, no auge do poderio económico e
político do Reino Unido, e morreu em
1970, vítima de uma gripe, quando o império se tinha
desmoronado e o seu poder drenado em duas guerras vitoriosas mas debilitantes.
Até à sua morte, a sua voz deteve sempre autoridade moral,
uma vez que ele foi um crítico influente das armas nucleares e da guerra
estadunidense no Vietnã. Era inquieto.[4]
Recebeu o Nobel de Literatura de
1950, "em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos,
nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento".[5]
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