É Fundamental
É bem
possível que muitos de nós tenhamos algum conhecido que era intransigente
defensor das práticas e políticas do Partido dos Trabalhadores e que, com o
desencadeamento dos últimos acontecimentos político-jurídicos pelos quais passa
o país, tornou-se crítico severo e até mesmo cruel do partido e de seus
membros.
Há também
aqueles que com o advento desta crise político-econômica, tendo ou não em
alguma época se identificado com a ideologia defendida pelo Partido dos
trabalhadores, tornaram-se adversários ácidos e agressivos dos agentes, dos
vários partidos, que estão sendo acusados e responsabilizados por ilícitos no
exercício de suas funções.
Ao tempo que
detratam e execram aqueles a quem culpam por todos os recentes males que afetam
o país, devotam uma extraordinária admiração por aqueles que conduzem o
processo moralizador; em especial à Polícia Federal, aos Procuradores Federais
e ao Juiz Sérgio Moro.
E
naturalmente há os que continuam convictos de que, a despeito dos
acontecimentos condenáveis que se descortinaram, ainda a melhor escolha
político-partidária, dentre as que se apresentam à sociedade brasileira, é a
que se apoia nos partidos da base de sustentação do governo afastado.
Sem dúvida
alguma, todas as posições merecem respeito, já que a aceitação da posição do
outro é o que legitima a posição, as ideias e os entendimentos de cada um de nós.
Como
sabemos, seja a favor ou contra uma determinada posição há sempre defesas com
argumentos pífios e simplórios, como também, aqueles que apresentam defesas bem
elaboradas e consistentes.
A atribuição
de culpa àqueles que se elegeram para conduzir os nossos destino é atitude
correta, entretanto, não podemos nos esquecer que essas pessoas são os nossos
mandatários e que talvez tenhamos responsabilidade pelos atos que praticaram,
senão legalmente, quiçá moralmente.
Isto é, se
votamos displicentemente, com comprometimento ou se nem ao menos nos preocupamos
em escolher um representante e se deixamos de acompanhar os seus atos e as
decisões que tomam, em nosso nome, como poderemos deixar de ser indiretamente
responsáveis?
Talvez esta
seja a lição mais importante que estamos tendo a oportunidade de receber:
primeiro, e mais importante, é preciso participar séria e idoneamente da
eleição dos nossos representantes; segundo, é absolutamente necessário que as
ações dos nossos representantes sejam acompanhadas por todos nós, para que
efetivamente nos representem.
E estejamos
certos, não basta mudar o governo, nem mesmo pelo modo excepcional que está em curso.
Indiferentemente do nível administrativo, todo governo, para se manter fiel à
sua proposta eleitoral precisa ser fiscalizado, não só pelos eleitores, mas,
especialmente, por uma oposição, legítima e comprometida com os direitos
sociais dos cidadãos.
O que é sem
dúvida nenhuma dispensável, é esta atitude revanchista ou de represália. Nada
justifica o ataque às pessoas que estão envolvidas nos fatos ímprobos. É
lamentável assistir aos cidadãos dirigindo ofensas aos envolvidos, quando os
encontram nos aeroportos, nos restaurantes, nas ruas, enfim, nos lugares
públicos.
Injuriar as
pessoas, sem prejuízo do comportamento delas, a saber, se são ou não honestas,
ou respondem a processos e mesmo se já foram condenadas, é crime. Seguramente,
este comportamento não revela uma atitude democrática ou cidadã.
Não se trata
de minimizar, desculpar ou perdoar os atos praticados por estes agentes; ao
contrário, devem todos ser exemplar e rigorosamente responsabilizados; mas, os
débitos que tem para com a sociedade não lhes retiram a dignidade.
Ninguém pode
ser despossuído de todos os seus direitos. Os direitos fundamentais são
garantias que não nos podem ser retirados. Cabe-nos, tão somente, respeitá-los.
Curitiba, 11
de julho de 2016
Joatan
Marcos de Carvalho
Da Academia
de Letras José de Alencar
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