A ética da sobrevivência
A pirâmide de Maslow é uma sugestão
de crescimento diante de um ambiente social num ambiente equilibrado. E quando
tudo se desmancha em volta? Em situações extremas a maioria dos seres humanos
desce ao piso mais selvagem. Errado?
De alguma forma a Natureza testa seus
componentes e daqueles submetidos às piores situações o resultado tem sido a
ascensão posterior de pessoas extraordinárias, se razoavelmente sadias.
Lutar por si é uma quase exigência
natural diante de todas as possibilidades de destruição. Desde desastres
provocados pelo ser humano até catástrofes naturais e monumentais, por todo
lado a humanidade já passou por violências incríveis, com reduções drásticas de
população.
A sobrevivência torna-se o resultado
de esquecer, superar, contornar dores imensas.
O medo, tem sentido? É justo?
Dentro da compulsão à sobrevivência o
ser humano sente medo, ou seja, a mensagem íntima de sua existência poderá
terminar. Não é natural querer sofrer ou morrer e isso só aparece em situações
extremas ou após processos educacionais alienantes, sempre prometendo
recompensas etéreas.
Queremos viver.
Nossos instintos só negam a vida
quando sentimentos de baixíssimo amor próprio dominam nossas mentes ou somos o
produto de processos de lavagem intelectual, algo fácil de ver entre torcidas
organizadas. Os métodos de fanatizarão não se restringem a motivações nobres, o
que é assustador.
Basicamente se educamos nossos filhos
a querer viver estaremos lhes ensinando a cuidar de suas vidas em ambientes
onde provocações maldosas devem ser superadas.
Devemos também mostrar que o padrão
moral mais íntimo é pessoal, singular. Todos, sem exceção, formam códigos
pessoais de conduta com a interpretação própria do significado das palavras que
utilizam. Nesse sentido o livro Arqueologia do Saber (Foucault, A
Arqueologia do Saber) é de leitura e reflexões obrigatórias,
pois precisamos sempre lembrar que a compreensão exata das palavras que usamos
é algo pessoal e intransferível, pois quem nos ouve, lê, estuda etc. terá seu
dicionário embutido em sua cabeça (Wittgenstein) .
Criamos, portanto, um Ética
Instintiva.
Com certeza nossos padrões podem
variar, mas querer a felicidade e a vida com qualidade é algo natural. Sejam
quais forem os argumentos e estereótipos procuraremos coerência com aquilo que
acreditamos realmente, na dimensão de nossos instintos e crenças pessoais.
Finalizando um esboço de livro
Viver é um projeto pessoal, singular,
exclusivo que todo ser material decide, ou melhor, escolhe a partir de sua
origem, educação, saúde etc.
A complexidade e irreversibilidade de
muitas decisões exigem a cada passo o máximo de consciência sobre si mesmo, se
isso estiver ao alcance do ser eventualmente pensante.
Podemos escalonar passos, devemos saber
e aceitar riscos para não termos arrependimentos que romancistas de primeira
linha descreveram em livros geniais, ou seja, é fundamental responder
permanentemente:
a) Quem sou eu
b) O que eu quero ser
c) O que posso ser
d) Como atingir meus sonhos e projetos
e) Ser feliz e disposto a pagar o preço
das decisões tomadas
A felicidade é um objetivo real e
supremo e nesse caminho a crença religiosa poderá protelar esse estado de
alegria para o outro mundo. Ao longo da história da Humanidade o culto ao medo (Cascaes,
Procurando Saber, Entender, Aprender Filosofia, História e Sociologia - SEM
CENSURA) ,
a crença em pecados e a angústia de existir convenceram grandes nações a
optarem pela vida pobre, miserável, imaginando riquezas no outro mundo.
Com certeza a vida ruim torna a morte
bem-vinda, e vice-versa. Viver bem e morrer tranquilamente só serão possíveis
se desenvolvermos disciplina intelectual e tranquilidade ética, moral e
comportamental de modo a não termos arrependimentos.
Vivemos em tempos esfuziantes,
inebriantes, entorpecidos pelas luzes e nos desafios das cidades. Com
facilidade poderemos trilhar caminhos artificiais e pretendermos afirmação
pessoal esquecendo a importância e prazeres de uma família saudável, por
exemplo.
Precisamos de desafios, carecemos de
situações que temperem a personalidade, são essenciais àqueles que sonham ter
orgulho de suas vidas. Subir a montanha é gostoso, apesar dos riscos de
acidentes. O essencial, contudo, é termos consciência do custo dessas
aventuras. Nada mais triste do que o arrependimento.
Ética, moral, religião, ideologia,
hábitos e modelos formam figurinos. À nossa volta poderemos identificar padrões
e consequências...
João Carlos Cascaes
Curitiba, 4 de maio de 2017
Cascaes, João Carlos. s.d.
<http://querendo-entender-filosofia.blogspot.com.br/>.
Foucault, Michel. A Arqueologia do Saber. Rio
de Janeiro: Editora Forense Universitária Ltda., 2010.
Wittgenstein, Ludwig. OBSERVAÇÕES FILOSÓFICAS.
s.d. <http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2016/09/ludwig-wittgenstein-observacoes.html>.
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