sábado, 13 de maio de 2017

O homem que nada sabe

O homem que nada sabe
Cardosofilho
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Anteontem, dez de maio, Lula esteve em Curitiba para depor como réu perante a Justiça Federal do Paraná. Pela primeira vez, enfrentou pessoalmente o juiz Sérgio Moro. Em termos jurídicos, um ato a mais dentro de um processo criminal. No entanto, por envolver o ex-presidente, exigiu aparato policial histórico e caríssimo e tumultuou a cidade. Pois é, o homem continua a nos dar prejuízo, e a observação me foi feita por um cidadão simples, no restaurante em que costumo almoçar.
Sobre o depoimento, Lula continua a ser o homem do sonoro e definitivo “não”. Nada viu, nada soube, nada fez. De modo que indagá-lo sobre os fatos criminosos que lhe são imputados resulta em nada.  Admira é que possa ter sido presidente do país por oito anos. Esteve sentado na cadeira mais alta da república e não soube o que acontecia debaixo dela, ou no gabinete ao lado. Sob seu nariz, ou bigode, bilhões se esvaíam pelos dutos da corrupção envolvendo políticos de seu partido, também de outros, sejamos justos, e ele ali, na mais santa e ingênua ignorância. Ignorava até o que ocorria em sua própria casa. Quem sabia era a Marisa Letícia, que, como ele gostou de salientar no interrogatório com arzinho sacana, não pode ser interrogada porque já morreu. A questão da compra do apartamento do Guarujá? Era assunto privativo da Letícia. Ele, o então presidente do Brasil, não tinha nenhum conhecimento a respeito. A conclusão, sem qualquer maldade, é que a morte de sua mulher foi da mais alta conveniência para a estratégia de defesa de Lula: ela levou para o túmulo, no caso do apartamento do Guarujá, as informações e segredos que poderiam comprometê-lo.
Assim foi o depoimento. Uma sucessão de “nãos”. Sobre o imenso rombo na Petrobras, ocorrido nos governos dele e de Dilma Rousseff, estatal cuja diretoria é sempre escolhida pela presidência da república, também nada sabia. Sobre a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, construção iniciada por sua iniciativa – o que ele reconhece –, com custo previsto de 2,4 bilhões de dólares e que já ultrapassou os 20 bilhões e ainda não se encontra concluída, também ele nada tem a dizer. É assunto para a Petrobras explicar, segundo ele.
A jogada de Lula é negar tudo e apostar na incapacidade de se provarem os delitos que lhe são imputados. Igual faria qualquer finório malandro acostumado com as vicissitudes de uma delegacia de polícia. E se as delações premiadas lhe atribuem pleno conhecimento e consentimento sobre os delitos praticados sob suas barbas, retruca com arrogância que todos mentem e ninguém é mais limpo e honesto do que ele. Dá para pensar seriamente que Lula seja caso para a psiquiatria.
Enfim, amigos, é sabido que de pedra não sai leite. O homem não vai se entregar. Salva-nos que o conjunto de provas obtido pelas investigações e delações premiadas é cada vez mais robusto para a incriminação de Lula e Dilma. No jogo sujo praticado durante os governos do PT, ambos estão longe da inocência que insistem em apregoar. O laço cada vez mais lhes aperta o pescoço. As condenações virão, tenham certeza.
De resto, não aconteceu a tal invasão vermelha de Curitiba, prometida pelo PT e seus associados, os ditos movimentos sociais e sindicatos. Falaram em cinquenta mil guerreiros. A ideia era afrontar a Justiça e impor o temor, como a avisar que, se para o mero interrogatório de Lula a mobilização já adquiria essa proporção, imaginem o que aconteceria com a condenação de Lula. Mas a invasão resumiu-se a algumas centenas de militantes, que se comportaram direito diante do aparato policial preparado para a ocasião. Aproveitaram para comer algum churrasco assado no acampamento e voltaram para casa em boa ordem. Melhor assim.

Maio de 2017.

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