Dias de março
Cardoso Filho
Viagem a
Santo Antônio da Platina deixou-me uma semana longe do computador e impediu-me
de enviar aos amigos leitores minha crônica habitual.
Pretendia continuar a escrever-lhes algo leve, ameno, ainda
cheirando a férias, distante da política brasileira e suas sujeiras
intermináveis, mas os fatos nos atropelam. A propósito, no texto que lhes
enviei na última semana de fevereiro lembrei-lhes, de passagem, o presságio de
que os dias de março seriam cruciais para a crise política que paralisa o
Brasil.
Pois, amigos,
o presságio confirmou-se. De repente, o senador Delcídio do Amaral, enredado
nas investigações da Operação Lava-Jato, resolveu aderir à delação premiada e,
neste alvorecer de março, na antessala do outono, botou gasolina na fogueira em
que ardem lentamente Dilma, Lula e o PT. Fez o que se queria e esperava.
Delcídio encontra-se na situação em que precisa desesperadamente reduzir seu
prejuízo penal, e sua mulher, desde que ocorreu a prisão do marido, foi a
decisiva voz a convencê-lo da estupidez de não falar e, não abrindo o bico, pagar
uma fatura criminosa que pertence preponderantemente a Dilma e Lula.
A partir daí
e da condução coercitiva de Lula para depor perante a Polícia Federal, o
ex-presidente saiu rosnando como cão danado seu delírio megalomaníaco que pede
tratamento psiquiátrico. Jacta-se, entre outras fantasias, de carregar
idoneidade e qualidades morais que os fatos mostram que nem de longe possui. O
que verdadeiramente o diferencia é uma capacidade oratória diabólica que o fez
capaz de ludibriar as massas durante longo tempo. Mas os truques do ilusionista
chegam ao fim e a plateia que ainda paga para vê-lo vai rareando. Ele ultrapassou
todos os limites de tolerância dos brasileiros esclarecidos e honestos. Mas não
vamos nos deter nos detalhes dos fatos já demais conhecidos dos amigos leitores,
diariamente bombardeados pelos noticiários dos jornais, revistas, tevê e
internet.
Interessa dizer
que a hora e a vez do acerto de contas com a Justiça estão chegando para Dilma,
Lula e o séquito de corruptos que o petismo produziu em treze anos de governo.
Nesse processo de ajuste, é indispensável o maciço, explícito e ruidoso apoio
popular. É preciso que o povo vá às ruas nas passeatas do próximo domingo, 13
de março, e forme uma onda irresistível, um tsunami de indignação e
intolerância que ajude a varrer a corrupção que o PT adotou como política de
estado e método de governo. Não há mais lugar e tempo para o comodismo de ficar
em casa e transferir a amigos, a vizinhos, o esforço de ir às ruas para protestar
e exigir a mudança de governo dentro da ordem constitucional. É decisivo expressar
apoio ao trabalho histórico da Operação Lava-Jato de combate à criminalidade política
que tanto sangra o País e mostrar veemente disposição de não mais tolerar a
corrupção que afundou o Brasil.
Os petistas ameaçam que poderá
haver confrontação física para valer caso Dilma sofra impeachment ou Lula venha
a ser preso. É a tentativa desesperada
de intimidar a lei e os brasileiros. Talvez os vermelhos pensem que, batendo o
pé e fazendo cara de bravo, porão para correr os adversários verde-amarelos,
amedrontando-os com a possibilidade de violências. É preciso que não
embarquemos nessa bravata grosseira. Ademais, nesta altura, o Brasil bom e
ordeiro tem de pagar para ver. Um grande país se constrói com a coragem das
mulheres e homens briosos e não com a pusilanimidade dos fracos, e se alguém já
disse isto, que me perdoe o plágio oportuno.
Março de 2016.
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