quinta-feira, 12 de maio de 2016

Palhaçada

Palhaçada
Cardoso Filho
Quem diria!
Chegamos ao ponto em que é recomendável ao brasileiro que viajar ao exterior, nestes tempos de pátria conturbada e vexada, apresentar-se como paraguaio, ou uruguaio, ou peruano etc., para evitar constrangimento.
Não há exagero. O strip-tease moral do Brasil vai expondo ao mundo a podridão política que o corrói e nos cobre de vergonha. Vamos justificando o antigo epíteto atribuído aos países latino-americanos – republiquetas de bananas. Não bastasse a sucessão de revelações de crimes cometidos por políticos, empresários e sindicalistas, ausência de governo etc., vem o tal deputado federal Waldir Maranhão, eleito pelo povo do pujante estado da família Sarney, no exercício do cargo de presidente interino da Câmara dos Deputados, e detona na manhã de 9 de maio a grande bomba: enviara ao Senado Federal ofício comunicando que anulara a decisão da Câmara que dera prosseguimento ao procedimento de impeachment da presidente Dilma Rousseff, naquela altura já de posse do Senado. Acolhia, para tanto, os argumentos do ministro José Eduardo Cardoso, da AGU (Advocacia Geral da União).  A reação indignada não se fez esperar e varreu o Brasil de alto a baixo, incluída na manifestação vociferante a maioria ampla dos parlamentares da Câmara e Senado. O triste e vergonhoso ato não prosperou porque na tarde do mesmo dia Renan Calheiros, presidente do Senado, recusou-se a acolher a anulação estapafúrdia pretendida. O vexame culminou que, diante do desastre da chicana urdida pelo governo, Waldir Maranhão recuou e enviou novo ofício ao Senado, revogando a anulação feita pela manhã.
          Mais não precisava para completar e tornar perfeito o episódio burlesco protagonizado pelo palhaço maranhense, industriado nesse show cômico por José Eduardo Cardoso, ministro chefe da AGU, e o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PC do B. Convencido a fazer a besteira em troca de alguma vantagem, assinou, provavelmente sem ler, a papelada preparada por José Eduardo Cardoso, e, na entrevista concedida à imprensa, no propósito de justificar a decisão, sem argumento que prestasse, conseguiu nada explicar e perdeu-se num palavrório vazio meio autobiográfico. Logrou apenas ser ainda mais patético.
          O fato narrado já é mais do que conhecido dos amigos leitores, de modo que é dispensável alongar o registro desse momento tão constrangedor para a história brasileira. Dele restou a confirmação, desnecessária, de que Lula, Dilma Rousseff e o PT não querem largar osso e continuarão a tentar o diabo para isso. Eis a razão que torna o impeachment tão urgente. É preciso pôr fim ao drama que paralisa o País e tanta desgraça provoca. O governo petista acabou faz tempo e o cadáver putrefato empesta e envenena os ares da Nação. É preciso que se o enterre de uma vez e se dê ao Brasil a chance de reencontrar, o mais breve possível, o rumo certo. Não importam as dúvidas sobre o que o novo governo poderá fazer para a recuperar o Brasil. Vale é que o atual não produzirá mais nada, exceto gemidos e rangeres de dentes.
          Mas o PT continuará a agir. Tentará de todos os modos conturbar e esticar esse tempo negro, e a AGU recorrerá mais uma vez ao Supremo Tribunal Federal na tentativa de anular o processo do impeachment. Caberá à Justiça responder a essa nova provocação de forma rápida, altiva, isenta e sábia, ciente de que não se pode provocar a ira dos deuses das tempestades.


Maio de 2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

GRATIDÃO OS HEROIS DA PANDEMIA