Palhaçada
Cardoso Filho
Quem diria!
Chegamos ao ponto em que é recomendável ao brasileiro que viajar
ao exterior, nestes tempos de pátria conturbada e vexada, apresentar-se como
paraguaio, ou uruguaio, ou peruano etc., para evitar constrangimento.
Não há exagero. O strip-tease moral do Brasil vai expondo
ao mundo a podridão política que o corrói e nos cobre de vergonha. Vamos
justificando o antigo epíteto atribuído aos países latino-americanos – republiquetas
de bananas. Não bastasse a sucessão de revelações de crimes cometidos por
políticos, empresários e sindicalistas, ausência de governo etc., vem o tal
deputado federal Waldir Maranhão, eleito pelo povo do pujante estado da família
Sarney, no exercício do cargo de presidente interino da Câmara dos Deputados, e
detona na manhã de 9 de maio a grande bomba: enviara ao Senado Federal ofício
comunicando que anulara a decisão da Câmara que dera prosseguimento ao
procedimento de impeachment da presidente Dilma Rousseff, naquela altura já de
posse do Senado. Acolhia, para tanto, os argumentos do ministro José Eduardo
Cardoso, da AGU (Advocacia Geral da União). A reação indignada não se fez esperar e varreu
o Brasil de alto a baixo, incluída na manifestação vociferante a maioria ampla
dos parlamentares da Câmara e Senado. O triste e vergonhoso ato não prosperou
porque na tarde do mesmo dia Renan Calheiros, presidente do Senado, recusou-se
a acolher a anulação estapafúrdia pretendida. O vexame culminou que, diante do
desastre da chicana urdida pelo governo, Waldir Maranhão recuou e enviou novo
ofício ao Senado, revogando a anulação feita pela manhã.
Mais não precisava para completar e
tornar perfeito o episódio burlesco protagonizado pelo palhaço maranhense,
industriado nesse show cômico por José Eduardo Cardoso, ministro chefe da AGU,
e o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PC do B. Convencido a fazer a
besteira em troca de alguma vantagem, assinou, provavelmente sem ler, a
papelada preparada por José Eduardo Cardoso, e, na entrevista concedida à imprensa,
no propósito de justificar a decisão, sem argumento que prestasse, conseguiu nada
explicar e perdeu-se num palavrório vazio meio autobiográfico. Logrou apenas ser
ainda mais patético.
O fato narrado já é mais do que
conhecido dos amigos leitores, de modo que é dispensável alongar o registro
desse momento tão constrangedor para a história brasileira. Dele restou a
confirmação, desnecessária, de que Lula, Dilma Rousseff e o PT não querem
largar osso e continuarão a tentar o diabo para isso. Eis a razão que torna o
impeachment tão urgente. É preciso pôr fim ao drama que paralisa o País e tanta
desgraça provoca. O governo petista acabou faz tempo e o cadáver putrefato
empesta e envenena os ares da Nação. É preciso que se o enterre de uma vez e se
dê ao Brasil a chance de reencontrar, o mais breve possível, o rumo certo. Não
importam as dúvidas sobre o que o novo governo poderá fazer para a recuperar o
Brasil. Vale é que o atual não produzirá mais nada, exceto gemidos e rangeres
de dentes.
Mas o PT continuará a agir. Tentará de
todos os modos conturbar e esticar esse tempo negro, e a AGU recorrerá mais uma
vez ao Supremo Tribunal Federal na tentativa de anular o processo do
impeachment. Caberá à Justiça responder a essa nova provocação de forma rápida,
altiva, isenta e sábia, ciente de que não se pode provocar a ira dos deuses das
tempestades.
Maio de 2016.
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