quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sem negócio com o Diabo

Sem negócio com o Diabo
Cardoso Filho


Conto, entre amigos, com um petista (talvez haja outros, mas, se houver, é certo que se camuflaram sob o constrangimento moral). Temos mantido um diálogo democrático e civilizado sobre o Brasil, cada um defendendo seu ponto de vista. Interessante que, certa altura, ele escreveu em um e-mail uma frase que acabou adotada como mote humorístico entre os demais amigos: “Deixem a Dilma trabalhar”, como se alguém tivesse a intenção de impedi-la de cumprir o dever de bater ponto no Palácio do Planalto. Trabalhar, e muito, é dever primário de alguém que pretenda governar um país complexo como o nosso. E fazer benfeito é também obrigação. Não é o caso de Dilma Rousseff, está claro. Afirmar que trabalhou mal será pouco para dar a medida certa a seu trabalho. Correto dizer que a qualidade foi péssima. Errou gravemente no campo econômico, no campo social e no campo das relações internacionais. Mas merece a ressalva de que os erros que se mostraram na plenitude em seu governo tiveram origem nos dois períodos do governo Lula. Dilma deu continuidade ao que de errado vinha sendo feito, aprofundou as besteiras e o resultado é que o carro Brasil capotou. Errar é da natureza humana, mas imperdoável é errar por má-fé, e os escândalos revelados pela Operação Lava-Jato dizem exatamente isto: os governos petistas promoveram, além do populismo irresponsável e eleitoreiro e um esquerdismo de galinheiro, a maior roubalheira de que se tem notícia na história política do Brasil e do mundo, título que nos cobre de vergonha e humilhação perante as nações civilizadas.
          Pois outro amigo viajou para a Europa dias atrás. Não é a primeira vez. De lá, mandou-me uma mensagem amarga. Relatou que, se antes o Brasil era visto no estrangeiro como um país alegre, de belo futebol e carnaval e que emergia do Terceiro-Mundo como uma nova potência, hoje, ao contrário, é considerado uma terra de malandros, relapsos, preguiçosos e devastadores do meio ambiente, dominada por uma esquerda retrógrada e irresponsável. Uma republiqueta! Por vezes, completa ele, chega-se a ter vergonha de declinar nossa nacionalidade.
          Eis a que fomos levados pela devastação petista! E vem a questão inevitável: será admissível continuarmos com Dilma Rousseff na presidência da república, se houver fundamento legal para retirá-la do cargo? Supondo que sim, duas outras razões reforçariam a medida: para continuar a governar o Brasil na situação em que o país se encontra, mergulhado em gravíssima crise econômica e em meio à turbulência que a Operação Lava-Jato vai provocando, a presidente necessitaria de competência e força moral e política, atributos que Dilma não possui. Outra razão diz respeito ao fato de que, já que o brasileiro terá de sofrer de qualquer modo os prejuízos causados pelos governos predatórios do PT, como a inflação que já produz seus efeitos perversos no bolso do trabalhador, o sacrifício será até aceitável desde que sem Dilma no poder e signifique o fim da maldição petista. Intragável seria pagar a conta, salvar o mandato da presidente e correr o risco de abrir caminho para a volta de Lula em 2018. Dilma não disse, e provou, que o PT faz o diabo para ganhar eleição?
Pois é. Não se negocia ou transige com Satã e seus comparsas.

Setembro de 2015.

            

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