Cardoso Filho
Haverá muitas explicações para o
surgimento do terrorismo muçulmano. Sociais, políticas, econômicas etc. Até se
podem compreender os gestos de loucura praticados por um povo quando em luta
por sua independência, liberdade ou em defesa de seu território. A luta justa traz
consigo inevitáveis excessos. Mas o que acontece agora, e a mortandade
desencadeada na França na semana passada é mais um desesperador exemplo, ultrapassa
os limites da compreensão e estarrece os povos civilizados. O terrorismo em
nome do fanatismo muçulmano é uma declaração de guerra a todos os que professam
outras crenças religiosas ou não creem em nenhuma. É uma guerra à Humanidade. É
a guerra a todas as conquistas da civilização, em prol de um retrocesso ao que
pode haver de mais trevoso.
. O Estado Islâmico – EI não representa o
verdadeiro Islã, embora aja em nome deste. Trata-se de organização terrorista
movida pela loucura total e selvagem, fria e calculista, contra todos os que
ela considera infiéis, ou seja, não seguidores do islamismo. Diante de fanáticos,
de qualquer cor ou credo, não há defesa possível baseada em argumentos e apelos
à razão. É linguagem que eles desconhecem. Em suma, não há negociação possível,
contrariando o que, tempos atrás, a presidente Dilma Rousseff, em mais um de
seus acessos de idiotia, recomendou que se fizesse em relação ao EI.
Se não há negociação viável, se não há
argumento capaz de conter a insanidade dos fanáticos islâmicos, sobra o quê?
Sobra somente a luta, o combate, a guerra. Uma guerra dura, difícil, de morro
em morro, de casa em casa, porque só os bombardeamentos aéreos não serão
capazes de vencer o inimigo, a ser travada pela união das nações gravemente feridas
pelos desvarios dos radicais islâmicos. E, depois, vencido o inimigo, restará a
pergunta: até quando caminharemos assim, de conflito em conflito, de sofrimento
em sofrimento, banhados em sangue e lágrimas?
Caminharemos sempre. A paz não foi
feita para este mundo. Quando não é o homem a desencadear os desatinos, a
natureza se encarrega de provocar os desastres e catástrofes. E assim vamos,
carregando a teimosa chama, que nenhum vento apaga, da ilusão de que, apesar de
todos os infortúnios, viver vale a pena; levando a maltratada esperança de que
há um sentido para os horrores que nos cercam ou nos vitimam. Pois, algum dia,
vencido o Estado Islâmico e seus hediondos crimes, outra atribulação haverá de
vir-nos, como se sofrer fosse tão essencial à nossa natureza como o ar que
respiramos.
Quem sabe tenha de ser assim. A passagem
por estas paragens constitua provação à nossa capacidade de superar as
tentações morais e os sofrimentos individuais e coletivos, para o fim de
julgamento divino de nossas almas. Ou pode que não seja nada disso. Que os
deuses apenas gostem de brincar com seus bonequinhos e, depois, cansados, nos
lancem numa caixa escura, para o nosso sono sem fim. Não seria mau.
Cercados de tantas dúvidas e perguntas
sem respostas, de tantas loucuras, reunamos os amigos, abramos um vinho e
celebremos o que ainda resta a comemorar.
Novembro de 2015.
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