M Ã E,
Garota do Tempo
É sair de
casa e lá vem a frase depois do abraço:
Está levando
casaco? Ou até...
Vai passar
calor. Melhor trocar de camisa.
E o dia
passa que nem sentimos até que , mais uma vez, despedida, um abraço, talvez um
beijo e a frase: Está levando casaco? Ou até...Vai passar calor. Melhor trocar
a camisa.
Os meteorologistas
ligam quase sempre para a mãe e perguntam:
Mas a massa pode
ar polar com a frente fria prevista para amanhã, virá hoje à noite, mesmo.
Ou até...
Mas, se está
agora com sol a 8 graus, tem certeza de que de noite farão 24 graus?
E assim vai
o tempo, o abraço, o beijo.
Vez que
outra entram em sintonia com as frases, ou preocupações de todas as mães.
É instinto
materno, como se ao darem a luz, ficassem ligadas num termômetro para proteger
seus filhos, netos e quem sabe... até bisnetos.
Também tem
alguns telefonemas para elas à tarde, algum recado ou momento importante, tipo,
mãe parabéns pelo seu aniversário, ou até... pague a conta para mim. Ou até...
vou chegar mais tarde. Ou até... vou levar amiga para dormir em casa e, antes
de desligar a frase que pode importunar, mas é acalentadora: Está
agasalhado?Sabe vem frio por aí. Ou até... que calor. Ponha o blusão no carro
porque está muito quente. E tome muita água para não desidratar.
E o tempo
passa, e a vida enlaça, e a vida desenlaça.
A mãe não
mais tem tempo de levar o menino, ou o homem até a porta e desejar bom dia.
A mãe não
mais tem tempo para frases simples, mas que ecoam em todos os corações.
A mãe não
mais tem tempo para um abraço, um beijo, que dirá pronunciar algumas palavras.
A mãe não
mais tem tempo, porque o tempo irá levá-la.
E a frase
fica no ar!
Mesmo sem a
mãe a acalentar, filho sem mãe, filha sem mãe, ainda ouvem a frase... no ar.
Param na
porta, dão uma risada que muitas vezes não é compreendida pelos que estão a
redor e partem para o dia a dia. Para a noite a noite.
E, num lindo
dia de sol, ou quem sabe, numa noite de luar, vem a frase:
Leve o
agasalho. Vai esfriar.
Ou até...
deixe a jaqueta. Vai fazer muito calor.
Ou até... ou
até depois... filho amado!
Ou até
...minha menina, futura garota do tempo!
Ou até... ou
até...
(Anita
Zippin, advogada, jornalista, presidente da Academia de Letras José de Alencar)
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