quarta-feira, 26 de julho de 2017

Politicamente incorreto

Politicamente incorreto

Hipóteses


1 – É mais fácil “acreditar” do que negar afirmações de gente poderosa ou amiga.
2 – O senso comum prevalecendo, se fosse correto, o mundo seria muito melhor.
3 – As pessoas são extremamente influenciáveis.
4 – A saturação do planeta Terra com as atividades humanas já ultrapassou limites sensatos.
5 – A Humanidade precisa se preparar para sobreviver a acidentes, fenômenos naturais, epidemias, terrorismo e fanatismos.
6 – Instalações, hábitos, direitos e serviços essenciais devem, urgentemente, serem corrigidos, aprimorados e modificados a favor da sustentabilidade.


Tese


O que se considera politicamente incorreto merece atenção, pois é um espaço de soluções renegadas dentro do comodismo de raciocínio.

Ponderações


O livro [1] traz o que Michel Foucault entende e defende como “parrhesia” (pgs. 59 e 60):

“A parrhesia é um tipo de atividade verbal na qual o falante tem uma relação específica com a verdade por meio do falar francamente, uma certa relação com sua própria vida por meio do perigo, um certo tipo de relação consigo mesmo ou com os outros por meio do criticismo (crítica de si ou de outrem), e uma relação específica com a lei moral por meio da liberdade e do dever. Mais exatamente, a parrhesia é uma atividade verbal na qual um falante exprime sua relação pessoal com a verdade e arrisca sua vida, pois considera que o dizer verdadeiro é um dever em vista de melhorar ou ajudar a vida dos outros (assim como ele faz consigo mesmo).”

Dizer a verdade significa muito, pois na “Academia”, nos partidos políticos e organizações religiosas lideranças e mestres criam muitos conceitos e preceitos humanistas estabelecendo proposições e comportamentos que são autênticos dogmas modernos.
Se antes as religiões impunham crenças, agora defensores dos Direitos Humanos, principalmente, usam e abusam de forma irresponsável de conceitos e afirmações que talvez não se sustentem na vida em geral.
Para a sobrevivência individual e geral é fundamental o exercício da verdade de forma radical, a começar pelo conhecimento profundo de nós mesmos (ver a história da Escola Cínica e Diógenes Dion nas obras de Michel Foucault).
Crenças e afirmações precisam de coragem, convicções que em casos extremos poderão desmoralizar quem as propõem veementemente. Acima de tudo precisamos saber até onde estamos dispostos a lutar e fazê-lo com a convicção necessária e suficiente, sempre lembrando que poderíamos ter feito outras opções melhores, mais próximas da vida real, justaS e necessáriaS.
Com certeza muitas guerras não teriam acontecido se os soldados antes pensassem e soubessem o que teriam que enfrentar. “Bons líderes” estimulam o otimismo, falam de honrarias, heroísmo, etc. Eles, contudo, normalmente se escondem, ficam protegidos, afinal se enxergam tão importantes que não poderão se expor. Isso vale em muitas situações, principalmente na vida pública onde políticos mais “espertos” convocam seus admiradores a atos radicais, ficando à espreita dos resultados para poderem escolher o momento de entrar em cena [2].
Somos seres mortais em um imenso teatro, mas na realidade viajamos sempre, vivemos corrigindo e mudando personagens e cenários. É hipocrisia ou sinônimo de desinteligência afirmar “sempre fui assim”.  Não mudar de acordo com nossos sentimentos de segurança e instinto de sobrevivência poderá ser extremamente doloroso.
Em tempos de censura feroz o ideal é viver em círculos restritos, desenvolver técnicas de silêncio pois a exposição tem muitos riscos; lamentavelmente a vigilância do Estado é mais e mais necessária com o crescimento do fundamentalismo religioso.
Giordano Bruno [3] foi um exemplo magnífico dessa condição e durante o último período militar no Brasil tivemos modelos de diversos comportamentos, alguns a favor de ditaduras, outros contra e a maioria sem nem saber o que era democracia.
No último governo militar pudemos ver nas telinhas declarações de pessoas arrependidas assim como em noticiários internacionais soldados mantidos sob tortura “confessando” crimes que não cometeram.
Nada pior do que o arrependimento tardio. O correto é saber evitar situações que de antemão saibamos serem insuportáveis.
Em casos extremos devemos raciocinar como passageiros, oficiais, marinheiros em um grande navio enfrentando tempestades e finalmente afundando, como agiremos realmente?
Qualificar, classificar, entender e se relacionar com seres humanos é essencial à nossa sobrevivência, afinal, que significado teria para nós o planeta Terra e a Humanidade se vivêssemos em outro planeta de outra constelação?
O pragmatismo é necessário a quem deseja viver com tranquilidade. Caso contrário a vida será provavelmente mais empolgante, será um esporte radical, deveremos, contudo, saber escalar e descer montanhas.
Teorizar é fácil para aqueles que não têm responsabilidades executivas, de comando e gerenciamento.
Vemos, lemos e ouvimos “conselhos de especialistas” que simplesmente não servem para nada em situações de grande responsabilidade.
E o ser humano é fruto de seu ambiente, história, acidentes, incidentes, saúde, educação, etc. Coleções de indivíduos que denominamos famílias, tribos, nações, raças e outras coisas trazem consigo uma série de fatores que os personalizam, singularizam.
O corpo humano e sua forma de pensar e agir formam uma máquina excepcional, merecendo muito cuidado ao ser avaliado, muito mais em aglomerações aleatórias...
Existem questões importantes.
O desafio é a evolução, em que sentido?
As guerras mundiais e todas as outras (passadas, presentes e futuras) mostram a fragilidade de nossa inteligência.
Argumentos absurdos geraram genocídios, campos de concentração, crematórios e holocaustos, diásporas, refugiados desesperados, experiências e matanças inacreditáveis há poucas décadas. Vamos ver a repetição desses eventos se não pudermos transmitir aos mais jovens sentimentos de fraternidade e solidariedade.
As ferramentas para educação têm alcance mundial, o pesadelo, contudo, é que transmitem padrões diversos.
Aulas boas? Eficazes? Existe alguma solução? Aproveitamentos frequentemente contraditórios é a rotina de percepção de mestres, pais, lideranças eventuais. “Dando” aulas aprendemos muito, pois só quem lecionou sabe como os alunos podem se fixar em detalhes irrelevantes.
As grandes religiões e ideologias são os melhores exemplos possíveis. Belíssimos ensinamentos e conceitos ganham rituais, formalismos e enfeites, dando ao crente a sensação de respeito quando seus pensamentos e atitudes demonstram o contrário, escapando nas fantasias das honrarias e prazeres dos compromissos reais a suas crenças. .
A censura é algo extremamente perigoso, mas a própria liberdade é relativa.
Infelizmente a hostilidade recíproca cria fortunas oportunistas. O exemplo mais absurdo e comum entre nós é o das torcidas em torno de clubes de futebol. Empresas com profissionais que jogam, se bem pagos, motivam autênticas guerras que fazem a delícia de certo tipo de comentarista e empreendedor de futebol. Afinal, não fosse a paixão, que emprego teriam?
Admitir as diferenças e saber aproximar positivamente as pessoas é o desafio do século 21. Todos são importantes na luta pela sobrevivência das nações.
O que, entretanto, merece análises é até onde podemos aceitar teses humanistas e desprezar a realidade eventualmente degradante e agressiva?
O ser humano desde que surgiu age e reage contra tudo e todos, assim a evolução aconteceu até chegarmos ao nível em que estamos. Em qualquer espaço geográfico encontraremos pessoas tendo crenças e comportamentos nem sempre aceitáveis (e vice e versa). A intolerância explode em casos extremos.
O recrudescimento do terrorismo padrão século 21 é assustador, mais ainda diante da tremenda fragilidade estrutural de cidades e tudo o que existe para mantê-las. Muitos não percebem detalhes críticos e seria imprudente chamar a atenção do que é possível. O vandalismo, por exemplo, seria uma tragédia se pessoas alucinadas quiserem. As lutas e padrões de dominação do Sendero Luminoso[JCC1]  [4], Khmer Vermelho [5], ISIS [6], Araguaia [7], guerras africanas etc. demonstram os perigos absurdos consequentes do fanatismo.  É justo, portanto, estabelecer limites, critérios, padrões de vigilância e limitações lamentavelmente necessárias nos processos educativos, relacionais etc.  que inibam o fundamentalismo político, religioso, esportivo e muito mais.
Refugiados aos milhões migram de qualquer jeito, mas trazendo culturas e vontades eventualmente incompatíveis com os lugares onde se instalarem. Durante toda a história da Humanidade esse foi um processo darwinista crudelíssimo.
Em cálculo, lógica e em filosofia podemos demonstrar teses e equações “por absurdo” [8], nos limites extremos. Levando variáveis ou parâmetros a valores elevados ou minimizados, ou com situações contrárias à rotina poderemos ver se a tese se mantém. Assim, por exemplo, seria o caso de perguntar se qualquer família aceitaria ser vizinha de talibans, canibais ou agrupamentos de pessoas sem respeito ao que forem e tiverem...
Encontramos muitos radicais de mesa de bar que não calculam nem medem as consequências do que afirmam.
Tudo tem custos e benefícios.
A radicalização de Direitos Humanos deve ser acompanhada pelas obrigações, os deveres de qualquer cidadão, família, comunidade e até clubes esportivos, ONGs, governos etc.
O discurso fácil e comum é assumir a postura simpática, agradável a quem ouve. O desafio, principalmente em sistemas democráticos, é saber o custo das decisões em todos os sentidos.
Com certeza os deveres mais universais serão o da própria sobrevivência e a partir daí os sentimentos e ações de amor ao próximo, respeito, fraternidade. Nada é absoluto e cada unidade pensante precisa decidir. A liberdade é fruto da responsabilidade social, se não fosse assim já teríamos desaparecido da superfície terrestre.
Precisamos discutir com isenção de espírito cada situação que põe em risco a nossa sobrevivência, afinal é um direito natural, essencial à vida. Não se trata de pagar o passado, nenhum povo é inocente e se valem certas teorias somos todos descendentes de poucos animais. O que precisamos saber, entender, negociar, propor e praticar é a solução para o cenário atual e futuro. O passado serve como base de experimentos e estudos de comportamentos.
Com facilidade podemos sentir os feitos de estudos, livros, discursos e propostas equivocadas, ainda que extremamente sintonizadas com as melhores intenções. Normalmente os temas mais sensíveis são desprezados. Isso é ruim, perigoso. Temos conquistas que não podem ser perdidas por atavismos humanitários...
O desafio dos teóricos e ativistas é dimensionar suas teses e vontades.

João Carlos Cascaes
Curitiba, 25 de julho de 2017
MEUS BLOGS, YOUTUBE, FACEBOOK  https://tinformando-meus-blogues.blogspot.com.br/


[1]
F. G. [org.], Foucault - a coragem da verdade, Parábola Editorial.
[2]
J. C. Cascaes.
[3]
G. Montaldo, G. M. Volonté e C. Rampling, “Giordano Bruno,” Livros e Filmes especiais. [Online]. Available: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2010/06/giordano-bruno.html.
[4]
colaboradores da Wikipédia, “Sendero Luminoso,” [Online]. Available: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sendero_Luminoso. [Acesso em 25 7 2017].
[5]
time de colaboradores da Wikipédia, “Khmer Vermelho,” Wikipédia, [Online]. Available: https://pt.wikipedia.org/wiki/Khmer_Vermelho. [Acesso em 25 7 2017].
[6]
time de coladores da Wikipédia , “Wikipédia,” [Online]. Available: https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Isl%C3%A2mico_do_Iraque_e_do_Levante. [Acesso em 25 7 2017].
[7]
T. Morais e E. Silva, “Operação Araguaia,” [Online]. Available: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2011/10/operacao-araguaia.html.
[8]
E. Curvello, “DEMONSTRAÇÃO POR ABSURDO,” [Online]. Available: http://www2.ifsp.edu.br/edu/prp/sinergia/complemento/sinergia_2008_n2/pdf_s/segmentos/artigo_06_v9_n2.pdf. [Acesso em 3 9 2015].





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