Um tema que merece debates amplos, técnicos, políticos,
sociológicos e até de urbanistas é a questão da Maioridade Penal. É assunto holístico[1]
por excelência exigindo uma análise de tudo quando, no caso do Brasil, chegamos
ao desespero diante do crescimento da criminalidade e de atos extremamente
violentos contra pessoas e famílias desarmadas, indefesas por força de lei.
O que produziu esse cenário de violências?
Para começar devemos entender que qualquer ser humano, se
nascer e crescer sem condições para sobreviver nas monstrópoles, poderá se
tornar uma pessoa violenta ou simplesmente um trapo humano, dependendo de
esmolas ou de procurar em lixões o que precisa para sobreviver.
Nações ricas e poderosas criaram gerações de criminosos da
pior espécie, o racismo e genocídios recentes, principalmente durante o século
20, demonstram o efeito da educação estatal, centralizada e dirigida por
pessoas criminosas. Podemos concluir do que sabemos que a Educação é uma
tremenda arma para a produção de criminosos quando subordinada a interesses “de
estado”.
Precisamos, contudo, de investimentos colossais e
emergenciais em Educação para que nossas crianças não sejam objeto de demandas
prisionais. Felizmente no Brasil o mote racista e xenófobo ainda não existe,
permitindo-nos acreditar que nossas escolas públicas sejam, ou possam ser de
boa qualidade.
A criminalidade, contudo, tem muitas causas que precisam ser
consideradas.
Cidades com milhões de habitantes terão, estatisticamente,
algo em torno de 1 a 3% de cidadãos psicopatas[2],
muitas vezes em cargos gerenciais, políticos e dentro de outros poderes
instituídos. Quem quer que passe distraidamente pelo centro dessas selvas de pedra
estará cruzando com feras que só não pularão no pescoço do caminhante por falta
de um gatilho fácil de acontecer.
O Brasil discute a mudança matemática (adoramos leis exatas,
precisas e dentro da “economia” das punições (Foucault) ) da fronteira
cabalística entre ser ou não ser criminoso. É até divertido, se não fosse
mórbido, lembrar que fechamos penitenciárias (e reformatórios?) para abrir
espaços de especulação imobiliária e criação de mais repartições públicas.
Não vemos investimentos em penitenciárias, cadeias,
policiamento etc. na dimensão necessária à compensação do que nunca se fez, até
porque a maior parte do dinheiro do contribuinte vai para sustentar a
especulação nacional e internacional após eventos como a inflação do tomate e
do feijão carioquinha (ou seria para desvalorizar o Real e facilitar a vinda de
turistas para a Copa do Mundo?).
Estados e municípios raramente bem administrados e sem
recursos não podem atender a demanda criada pelo Poder Judiciário (sempre mais
atento a seus interesses corporativos) ao condenar milhões de miseráveis ao
encarceramento. A solução seria transformar a prisão num negócio? Pode ser um
bom investimento se o contribuinte tiver condições de pagar (Moreira) para empresários (Grabianowski) e até para as
pessoas reclusas se tudo seguir um caminho sério e responsável.
Poder Judiciário é a denominação da instituição que gerencia
as leis produzidas no Brasil [ (Brasil faz 18
leis por dia, e a maioria vai para o lixo, 2011) , (Atenção, leitores! Eles criam 1.150 leis por dia para infernizar a nossa
vida e nos tornar mais improdutivos menos felizes, mais pobres e menos
inteligentes , 2011) quantas mesmo?]. Diante da
jurisprudência existente e na lógica ilógica de cenários que dependem acima de
tudo do poder político, financeiro e técnico das pessoas indiciadas com certeza
temos um Brasil extremamente injusto.
E o que é Justiça, existe (JUSTIÇA É
UTOPIA?) ?
Essa é uma das utopias mais enraizadas na cultura universal.
Produto do maniqueísmo de estado e funcional por necessidade de disciplinar a
vida humana, lastreada em teses religiosas e conveniências das classes
dominantes, gera uma análise desvirtuada da criminalidade. Aliás, o Brasil
desde a sua formação após a invasão portuguesa estruturou-se para ser o que é.
Desprezando o povo mais humilde, sempre visto como mão de obra escrava e
servil, as elites negreiras, fazendeiras e industriais tinham aqui o paraíso
para todo tipo de luxo. Para uma avalição preliminar valem os livros [ (Gomes, 1808) , (Gomes, 1822 -
Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro
ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha tudo para dar errado.,
2010) ]
e outros mais precisos que têm sido publicados (Livros e Filmes Especiais) . A bibliografia já é
grande, sempre lembrando que o Brasil é simplesmente mais um país onde a
natureza humana, ainda predadora ao extremo, se revelou em sua formação.
A Europa é um exemplo vivo das limitações comportamentais e
intelectuais que levam a crimes absurdos e coletivos.
Alguns livros colocam outras teses (Freakonomics) que, diante da
gravidade do cenário brasileiro merecem atenção.
Não podemos também deixar passar uma crítica angustiante
vendo e ouvindo filmes e programas nas emissoras de televisão comercial. As
janelas colocadas dentro das casas brasileiras servem para deseducar e
estimular os piores instintos, mais ainda na TV paga, onde enlatados trazem
filmes que as crianças e jovens podem ver quando os pais estão fora de casa.
Obviamente os “donos” dessas concessões federais se sentem ultrajados quando se
menciona algum controle sobre seus interesses monetários (liberdade de
imprensa!!!!). Suas fortunas são construídas sobre a tragédia nacional da
deseducação em massa.
Nossas instituições são precárias, mal administradas, onde o
corporativismo é mais importante do que a preocupação de se construir um país
mais justo.
Educar, alimentar, amar as crianças é plantar árvores
culturais que adiante darão bons frutos. Agora temos um deserto onde impera o
medo e a vingança.
O que intriga é que a vítimas são “culpadas” e os criminosos
as maiores vítimas.
Estamos em situação equivalente a das cidades medievais
submetidas a quarentenas, quando as famílias eram presas em suas casas e
abrigos, na esperança de se conter epidemias que viabilizaram inúmeras
catedrais na Europa. Atualmente observamos o extermínio de aves e animais na
impossibilidade de se conter epidemias novas e assustadoras.
A ignorância[3]
de causas e efeitos de comportamentos nocivos é desastrosa e leva a debates como
temos agora no Brasil, onde a satanização do menor infrator está na moda.
Evidentemente chegamos a situações emergenciais. A fronteira
cabalística entre jovens inimputáveis e culpados induzem até um menor de idade (Torcedor
corintiano que disparou sinalizador se apresenta à Justiça) a se considerar
culpado da morte de um torcedor boliviano (um garoto de 14 anos). Ou seja, ser
“de menor” é o aval para qualquer crime.
O crime maior, contudo, é o desprezo pelas crianças a quem
faltam creches (Déficit de
vagas nas creches de Curitiba é de 63%, diz MP, 2011) , escolas e ambientes
saudáveis para crescerem. Dentro de uma década milhões delas estarão no rol dos
condenados se não lhes dermos a
disposição, paixões e cuidados que temos para prioridades até desprezíveis...
Cascaes
9.6.2013
ALESSANDRA DUARTE, C. O. (18 de 6 de 2011). Brasil
faz 18 leis por dia, e a maioria vai para o lixo. Fonte: O GLOBO Política:
http://oglobo.globo.com/politica/brasil-faz-18-leis-por-dia-a-maioria-vai-para-lixo-2873389
Azevedo, R. (25 de 9 de 2011). Atenção, leitores!
Eles criam 1.150 leis por dia para infernizar a nossa vida e nos tornar mais
improdutivos menos felizes, mais pobres e menos inteligentes . Fonte: Veja
- Blogs e Colunistas:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/atencao-leitores-eles-criam-1150-leis-por-dia-para-infernizar-a-nossa-vida-e-nos-tornar-mais-improdutivos-menos-felizes-mais-pobres-e-menos-inteligentes/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Livros e Filmes
Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/
Foucault, M. (s.d.). Vigiar e Punir. Vozes.
Freakonomics.
(s.d.). Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2010/05/freakonomics.html
Gomes, L. (s.d.). 1808. Fonte: Livros e Filmes
Especiais, Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta
enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil:
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/02/1808.html
Gomes, L. (2010). 1822 - Como um homem sábio, uma
princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o
Brasil - um país que tinha tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira Participações S.A.
Grabianowski, E. (s.d.). Como funcionam os
presídios nos Estados Unidos. Fonte: comotudo funciona:
http://pessoas.hsw.uol.com.br/presidios.htm
Moreira, R. d. (s.d.). A privatização das prisões.
Fonte: UFSC: http://www.bu.ufsc.br/privatizacao.html
Souza, D. (s.d.). JUSTIÇA É UTOPIA? Fonte: Jus
navegandi: http://jus.com.br/forum/75917/justica-e-utopia/
[1] Holismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Holismo (do grego holos que
significa inteiro ou todo) é a ideia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser
explicadas apenas pela soma dos seus componentes. O sistema como
um todo determina como se comportam as partes.
O princípio
geral do holismo pode ser resumido por Aristóteles, na sua Metafísica, quando afirma: O todo é maior do que a
simples soma das suas partes.
A palavra
foi criada por Jan Smuts, primeiro-ministro da África do Sul, no seu livro de 1926, Holism and Evolution, que a definiu assim: "A tendência
da Natureza, através de evolução criativa, é a de formar qualquer
"todo" como sendo maior do que a soma de suas partes". 1
É também
chamado não-reducionismo, por ser o oposto do reducionismo e ao pensamento cartesiano. Pode ser visto também como o oposto de atomismo ou mesmo do materialismo.
De uma
forma ou de outra, o princípio do holismo foi discutido por diversos pensadores
ao longo da História. Nomeadamente pelo primeiro filósofo que
o instituiu, para aciência, que foi o francês Augusto Comte (1798-1857) ao sobrepor a importância do espírito de
conjunto (ou de síntese), sobre o espírito de detalhes (ou de análise), para
uma compreensão adequada da ciência em si e de seu valor para o conjunto da
existência humana. Entretanto, já no nosso tempo, o sociólogo e médico Nicholas A. Christakis explica que "nos últimos séculos o
projecto cartesiano na ciência tem sido insuficiente ou redutor ao pretender
romper a matéria em pedaços cada vez menores, na busca de entendimento. E isso
pode funcionar, até certo ponto ... mas também recolocar as coisas em conjunto,
a fim de entendê-las melhor, devido à dificuldade ou complexidade de uma
questão ou problema em particular, normalmente, vem sempre mais tarde no
desenvolvimento da pesquisa, da abordagem de um cientista, ou no
desenvolvimento da ciência"2 .
[2] Psicopata
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Psicopata, a rigor designa um indivíduo,
clinicamente perverso que tem personalidade psicopática. Contudo, essa última
categoria nosológica em especial, dá o nome ao grupo conhecido como sociopatas. Estes por
sua vez, na perspectiva psicanalítica são os portadores de neuroses de caráter
ou perversões sexuais.
Na Classificação Internacional de Doenças, este transtorno é chamado de Transtorno
de Personalidade Dissocial (Código: F60.2).1 Na população em geral, as taxas dos
transtornos de personalidade podem variar de 0,5% a 3%, subindo para 45-66%
entre presidiários.2
Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações
sociais, falta de empatia para com os outros. Há um desvio
considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas. O
comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas,
inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo
limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma
tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para
explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a
sociedade.1
Embora
popularmente a psicopatia seja conhecida como tal, ou como "sociopatia", cientificamente, a doença é denominada
como sinônimo do diagnóstico do transtorno de personalidade antissocial.
Por Dicionário inFormal (SP)
em 12-05-2009
Não ter conhecimento de; não saber; não usar de; não
ter.
ignorar é não tomar conhecimento
de pessoas ou fatos, por desprezo ou indiferencia (sic). Não dar ouvido a algo
que ver, faz ou fatos ocorrentes ou ocorridos. Não tem interesse de outrem e
nem de sí mesmo.
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